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A magia de aprender em grupo

Seres humanos juntos, abertos a aprender uns com os outros, dispostos a se transformar e a olhar para seu mundo interno com honestidade e abertura e a fazer práticas contemplativas a longo prazo é uma das coisas que eu mais aprecio testemunhar e acompanhar.

Tenho tido a oportunidade de conduzir grupos de estudo e cursos presenciais e online há vários anos e fico sempre impressionada com a magia que acontece num espaço de aprendizagem e de trocas genuínas, com o fio condutor de ensinamentos e métodos consolidados de professores experientes. Observo isso especialmente nos grupos que conduzo dentro e fora do CEBB e também em outros espaço onde circulo, como a comunidade O Lugar.

A vida de cada um no grupo é um laboratório do que está sendo estudado e contemplado nos encontros. Cada pessoa sempre tem um exemplo para ilustrar os temas que estão sendo estudados, de modo que os conteúdos vão ganhando vida nas trocas e o grupo vai se apoiando mutuamente. É muito bonito e enriquecedor presenciar. 

Nas aulas que conduzo do programa Cultivando o Equilíbrio Emocional, por exemplo, embora eu esteja ali  no papel de professora, basta eu introduzir um tema e colocá-lo para rodar na turma que os papéis logo se invertem e eu me torno aluna enquanto os alunos se tornam professores, trazendo seus próprios exemplos e seus próprios insights sobre os temas que estamos estudando. Eu sempre aprendo muito e fico com a sensação de que recebo mais do que ofereço.

Depois de um exercício com a turma do primeiro semestre do CEB em 2022, em que cada um compartilhava suas aspirações conectadas ao florescimento de si e dos outros, lembro-me da comoção do grupo por poder ouvir uns aos outros e reconhecer que as aspirações eram muito parecidas. Além disso, em quais espaços temos a oportunidade de ouvir uns aos outros falando a partir do coração sobre suas aspirações mais elevadas? Espaços assim são raros, não é mesmo? É tão raro que talvez até fiquemos um pouco envergonhados no início, mas nosso coração vai se abrindo e não resistimos ao calor e à abertura do grupo e por ressonância nos abrimos também.

Lembro-me também, nessa mesma turma, da beleza do dia em que analisamos um episódio emocional de uma participante que percebeu que havia sido agressiva com sua filha por ela ter derramado todo o suco de laranja na mesa da praça de alimentação do shopping. Ela percebeu que exagerou um pouco na resposta que deu à filha. Que bonito podermos reconhecer, sem culpas ou julgamentos que nos atrapalhamos com nossas emoções e que muitas vezes acabamos tendo respostas destrutivas. E que bonito e empoderador reconhecer isso individualmente e em grupo e perceber que sempre podemos ser gentis conosco e cultivar a escolha de fazer diferente das próximas vezes. Esse episódio marcou e inspirou toda a turma e serviu como um espelho para cada um do grupo olhar para  situações parecidas em suas vidas.

Finalizo esse texto com uma aspiração: que cada um de nós não pense que precisa dar conta de suas vidas completamente sozinhos. Localizar nossos próprios recursos internos e manifestar nossas próprias qualidades é sim, em parte, um trabalho individual, mas também é coletivo: os grupos podem ser um ambiente catalisador desse processo para que esses recursos e qualidades internas encontrem estímulo e um terreno protegido e fértil para florescerem.